segunda-feira, 9 de junho de 2008

Astrônomos procuram sinais enviados por ETs


Nos EUA, radiotelescópios tentarão localizar ondas de rádio vindas de estrelas próximas à órbita terrestre
Carlos Orsi


Quando o Telescópio Espacial Hubble detectou, em 2001, um planeta que passava diante de sua estrela, o astrônomo americano Ray Villard imaginou se outras civilizações não poderiam estar vendo a Terra da mesma forma. A passagem captada pelo Hubble também permitiu que cientistas na Terra estudassem a composição da atmosfera do outro planeta. Extraterrestres poderiam usar a mesma técnica para ver do que é feito o nosso ar, e descobrir oxigênio. "Depois de determinar que a Terra é habitável, poderiam começar a enviar sinais", disse Villard, em nota divulgada durante reunião da Sociedade de Astronomia dos EUA, na semana passada.


Agora, um conjunto de dezenas de radiotelescópios baseado na Califórnia, o Allen Telescope Array (ATA), deverá testar a idéia. "O início da varredura depende do comitê de revisão de projetos do ATA", diz Seth Shostak, do Instituto Seti, uma organização dedicada à busca por inteligência extraterrestre. O instituto é responsável, juntamente com a Universidade da Califórnia, Berkeley, pela administração do ATA. "Pode ser que possamos começar com os primeiros testes já nos próximos meses".


Shostak, Villard, Henry Rowland (da Universidade Johns Hopkins) e Steven Kilston (da Fundação Henry) participam do projeto. A idéia é procurar por sinais de rádio vindos de estrelas localizadas numa faixa próxima à eclíptica, como é chamado o plano que contém a órbita da Terra. Civilizações localizadas nessa faixa poderiam detectar uma redução anual no brilho do Sol, provocada pela passagem da Terra diante do astro, e deduzir a existência do nosso planeta. Essa passagem é chamada pelos astrônomos de "trânsito".


"Os extraterrestres podem estar usando os trânsitos para sincronizar uma transmissão de rádio para nós", diz Shostak. A potência necessária para que um possível sinal seja detectado pelo ATA depende, diz o cientista, do tipo de antena que os extraterrestres hipotéticos possuem, e a que distância estão. "Se for uma antena de 100 metros a 100 anos-luz, por exemplo, eles não precisarão de mais do que uns poucos megawatts para serem notados".


Shostak diz que os pontos onde a eclíptica intercepta o plano geral da galáxia são os melhores para realizar a busca. "Há inúmeras estrelas ali".


PIONEIRO


O ATA é o primeiro sistema de radiotelescópios criado com o objetivo de buscar sinais extraterrestres, embora também seja usado para pesquisas mais tradicionais de radioastronomia. Começou a operar em outubro do ano passado e deve o nome ao co-fundador da Microsoft, Paul Allen, que doou US$ 25 milhões (R$ 40 milhões) para o projeto. Atualmente, conta com 42 antenas, mas deverá chegar a 350 quando estiver completo.


A possibilidade de usar sinais de rádio para a comunicação entre as estrelas foi proposta originalmente em um artigo publicado em 1959 na revista Nature, assinado pelos cientistas Giuseppi Cocconi e Philip Morrison. Diversas buscas foram e continuam a ser realizadas desde os anos 1960. Atualmente, usuários da internet podem doar tempo de seus computadores para ajudar cientistas a processar sinais de rádio captados do espaço, por meio do software SETI@home.


A despeito disso, nenhum sinal de vida inteligente foi confirmado. "Dependemos de um sinal deliberadamente apontado para nós, ou de um radar", explica Shostak. Sinais comuns, como transmissões de emissoras de TV, chegariam fracos demais à Terra. Em 1974, a Terra enviou uma mensagem ao espaço, com transmissão de alta potência feita pelo radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico.
Fonte: http://www.estadao. com.br/estadaode hoje/20080609/ not_imp186095, 0.php

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