
Identificação por impressão digital será testada em três municípios.
Secretário de tecnologia do TSE diz que troca de sistemas gera economia.
As urnas eletrônicas que serão usadas no pleito de 2008, que         escolhe os novos prefeitos e vereadores de todo o Brasil,         inauguram o uso de sistema operacional Linux e, em três         municípios escolhidos para teste, também o recurso da biometria         para identificação do eleitor. 
            
       As iniciativas fazem parte da estratégia do         Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de "melhorar a segurança         e a transparência do processo", segundo Giuseppe Dutra         Janino, secretário de tecnologia da informação do TSE.
     
       Segundo Janino, em entrevista à Reuters, "há         várias campanhas no sentido de macular esse processo”. Mas,         segundo ele, nos 12 anos em que o Brasil se utiliza de urnas         eletrônicas "nenhuma fraude foi comprovada". 
            
   
                        Substituição
     
     A decisão de substituir os sistemas operacionais VirtuOS e         Windows CE pelo Linux em 100% das 480 mil urnas do país terá         três vantagens, de acordo com o secretário. "Uma delas é a         economia", segundo ele, já que o órgão de governo não terá         mais de comprar licenças dos antigos sistemas proprietários.
Ele reconhece que foi preciso desenvolver todos os softwares         novamente para a troca ao sistema Linux, mas ressalta que         "o custo do desenvolvimento se paga na medida em que não se         pagará mais pelos sistemas nas próximas contratações".
     
       O ciclo de contratação de novas urnas é de dois         anos, de acordo com o crescimento demográfico. O Brasil tem         atualmente 130 milhões de eleitores, número que cresce em média         6% a cada dois anos, segundo o executivo.
     
       Outra vantagem da escolha do Linux, segundo         Janino, "é a transparência do processo". Segundo ele,         com os antigos sistemas proprietários, o TSE tinha dificuldade         em abrir os códigos de programação das urnas a entidades como         Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e mesmo aos partidos         políticos.
     
       A 180 dias de cada pleito, o TSE abre todas as         linhas de códigos para esses órgãos para que atestem sua         legitimidade, antes das urnas serem lacradas digitalmente.
     
       A terceira vantagem, de acordo com o secretário, é         a segurança. "O software [Linux] é robusto e         reconhecidamente seguro", afirmou Janino.
     
   
                        Auditoria      
     Outra inovação tecnológica do processo eleitoral deste ano será a         presença de uma auditoria externa. Em toda eleição, uma comissão         capitaneada pelo juiz eleitoral sorteia algumas urnas para         acompanhar seu desempenho no dia da eleição.
     
       Neste ano, entretanto, o processo, que já conta         com câmeras que filmam a operação da urna, também terá a         presença da auditoria Moreira e Associados, selecionada para         acompanhar o processo.
     
       O Brasil tem 27 regionais e, em cada uma delas,         quatro urnas são sorteadas para a auditoria, explicou Janino.
     
   
             Impressão digital
     
     Em outra iniciativa para garantir a segurança do processo, o TSE         vai implantar a identificação biométrica do eleitor em três         municípios, como parte de um teste piloto. "Na medida em         que eliminamos a intervenção humana, ampliamos a credibilidade         do processo", afirmou Janino.     
       A biometria se caracteriza por identificar o         usuário através de alguma característica única de seu corpo. O         TSE fará, nesse piloto, identificação pela impressão digital,         mas está apto também a identificar os eleitores pela face.     
       Neste ano, as cidades de Fátima do Sul (MS), São         João Batista (SC) e Colorado do Oeste (RO), que juntas         concentram em torno de 45 mil eleitores, serão as primeiras a         adotar a identificação pelas digitais. "Eliminamos a         possibilidade de um eleitor votar pelo outro", destacou         Janino, além de ressaltar que, nessas cidades, o processo de         identificação fica a cargo do próprio eleitor, e não mais do         mesário.     
       As cidades foram escolhidas por já disporem de         urnas equipadas com scanner de digitais e por serem localidades         que fariam o recadastramento eleitoral. No processo de         recadastramento, os eleitores colheram suas digitais e foram         fotografados para garantir a identificação biométrica.     
       Janino explica que mesários e eleitores já         passaram por simulados nessas regiões. "A cultura digital         já se disseminou nessas três cidades", disse ele.     
       O secretário explica que, desde 2006, todas as         urnas adquiridas são equipadas para permitir a identificação         biométrica. Por isso, de acordo com o ritmo de renovação do         parque de equipamentos, ele estima que "em um período de         cinco a dez anos" o recurso seja estendido para todo o         país.     
       O TSE já firmou "acordos de cooperação"         com vários países, como Paraguai, Argentina, México, Venezuela e         Honduras para o empréstimo das urnas brasileiras, mas não tem         planos, segundo Janino, de "vender a tecnologia ou o         equipamento". A idéia, segundo ele, é apenas         "transferir conhecimento de uma solução bem sucedida".         Ele acredita que a imagem do país se beneficia. "Nossa         imagem é bem destacada no âmbito internacional", afirmou.