segunda-feira, 5 de maio de 2008

O software livre da Microsoft


O laboratório da Microsoft no Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) trabalha com software livre. Ele desenvolve sistemas para permitir que o Windows trabalhe com o Linux. O mais recente, chamado interop router, tem como objetivo fazer com que clusters (grupo de computadores que trabalham em conjunto) nos dois sistemas operacionais possam funcionar de forma integrada. “Tudo começou em 2002, com uma doação da Microsoft dos Estados Unidos”, diz o professor Sandro Rigo, responsável pelo projeto. “Em agosto de 2006, fechamos um acordo com a Microsoft Brasil, e criamos o laboratório.”

O Linux é hoje o principal concorrente do Windows, que domina o mercado de sistemas operacionais. Trata-se de um software livre, que pode ser usado, copiado e modificado sem o pagamento de licenças. Muitos dos desenvolvedores do Linux trabalham sem receber nada por isso, com o único objetivo de ter um software melhor para usarem. O Windows, que tem o código fechado e exige pagamento de licenças, está presente em 97% dos computadores de mesa das empresas brasileiras, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ou seja, a participação do Linux é muito pequena. Nos servidores, no entanto, a situação é diferente. O Windows tem 65% e o Linux 17%, uma participação que já é importante.

Esse cenário dos servidores explica por que é importante para a Microsoft investir em interoperabilidade e se aproximar da comunidade de software livre. Em primeiro lugar, existe uma questão de imagem. Para muitos dessa comunidade, a empresa é uma espécie de império do mal. E esses programadores e técnicos são um público importante, que muitas vezes influencia a decisão de investimento das empresas. Em segundo lugar, há uma questão de mercado. Várias empresas já possuem servidores com Windows e servidores com Linux. Se não conseguirem fazer com que eles se conversem, elas podem postergar investimentos em tecnologia, fazendo com que a Microsoft feche menos contratos. Ou as empresas podem optar por fechar esses contratos com competidores da Microsoft, como a IBM e a Oracle, que trabalham com Linux. Em terceiro lugar, é importante conhecer o concorrente. A proximidade com a comunidade de software livre pode trazer informações importantes para a Microsoft, influenciando até o desenvolvimento de futuras versões de seus produtos.

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